Ao apresentar a trajetória de Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958) na 12.ª edição do Projeto Memória, a Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Sociedade de Amigos do Museu do Índio (SAMI), tem a oportunidade de oferecer aos professores e a seus alunos importantes caminhos da história e da cultura do País. De certa maneira, os passos desse marechal do Exército (que pregava o pacifismo e a defesa das populações indígenas e que contribuiu de modo decisivo para a integração nacional) nos ajudam a conhecer como foi construída a nação em que vivemos. As atividades do Marechal Rondon oferecem elementos instigantes para o trabalho em sala de aula. Sua vida longa e atuação intensa envolvem questões ligadas ao meio ambiente, aos meios de comunicação, às inovações técnicas, à diversidade cultural e à formação do Brasil. Ao fazer um levantamento de suas realizações, ele contabilizou nada menos que 50 mil quilômetros (mais do que a circunferência da Terra) percorridos em nosso território, com a criação de linhas telegráficas em plena selva e nos sertões, além de incluir rios até então ausentes dos mapas e permitir o surgimento de estradas e cidades. Ao mesmo tempo, sua presença teve dimensão científica: por onde passava, colhia espécimes vegetais, minerais, animais e arqueológicos, muitos ainda desconhecidos pelos registros escritos. E, nessa "descoberta" do Brasil, Rondon afirmava ter encontrado nosso maior tesouro: as populações indígenas. O Almanaque Histórico Marechal Rondon, portanto, está organizado a partir de quatro eixos básicos relacionados ao personagem: Caminhos do Brasil: regiões percorridas por ele e pelos indivíduos e grupos que integraram suas equipes, o que nos leva a abordar os ecossistemas, a fauna e a flora, a dimensão social da saúde e as invenções tecnológicas. Índios no Brasil: populações com as quais entrou em contato nos levam a dimensionar a presença indígena na cultura e na sociedade brasileira, com as formas de relação pacíficas ou violentas, além da riqueza cultural desses povos. Palavras e imagens: as produções culturais surgidas em consequência de sua atuação (ciências naturais, etnografia, fotografia, museus) e sua relação com os modernos meios de comunicação. Homem público: a figura de Rondon em sua dimensão política, no sentido amplo, de alguém que exerceu com intensidade sua cidadania e defendeu suas ideias, marcando presença em episódios históricos importantes, inclusive em torno dos (ainda hoje) disputados direitos dos índios e das ações destes em defesa de suas vidas e culturas. Na aproximação entre passado e presente, entre o que conta a história e a nossa vida atual, surgem palavras e trajetórias de vida que, entrelaçadas, mais uma vez nos abrem a esperança de que o Brasil pode e deve continuar se transformando para melhor.