Por Amanda Borges "A Inglaterra mudou. Hoje é difícil falar quem é daqui e quem não é. Quem faz parte e quem é um estranho", observa o narrador de Uma margem Distante (Ed. Record, 348, R$34,30), livro ganhador do Commonwealth Writers Prize de 2003 e que pode resumir a vida e obra de Caryl Phillips. Nascido na ilha caribenha de São Cristóvão, o autor cresceu na Inglaterra e hoje vive nos Estados Unidos. Phillips é um cidadão do mundo e, como tal, sentiu na pele -- negra - os choques culturais, de classe e identidade. E é com propriedade que fala desses temas em seus livros. Com A Travessia do Rio (Ed. Record, 318 páginas, R431,90), último título seu publicado no Brasil, foi finalista do Man Booker Prize e vencedor do James Tait Black Memorial. Este último um dos mais antigos e prestigiados prêmios literários em língua inglesa . Conversamos com o autor numa tarde gelada da Flip. Surpreendido pelo frio e maravilhado pela beleza de Paraty, Phillips contou um pouco mais sobre o que o inspirou a escrever, o processo de criação dos personagens e porque as discussões atuais de identidade não ganham destaque na literatura.