RAP INDÍGENA TRILÍNGUE SOBRE A PANDEMIA DO CORONA VÍRUS

submitted by Rede CineFlecha on 07/06/20 1

Pedimos proteção a todos nossos parentes e irmãos da luta nesse momento de pandemia global Nós indigenas sabemos muito bem o que é enfrentar doenças quem vem de longe, sem cura mesmo de nossas medicinas tradicionais. Todos nós que vivemos hoje somos os sobreviventes de inúmeras epidemias que exterminaram povos inteiros e desestruturaram outros tantos. Somos a resistência hoje a tudo isso que nos atingiu e atinge, frutos da nossa força em nos reerguer após cada caída. Somos os que insistiram em se manter de pé e em assumir quem é e não vamos arredar nunca. Que Ñawêra nos dê o caminho e nos proteja nessa nova tempestade. Força guerreiras e guerreiros! Rap em 2 línguas indígenas: Zeeg'ete do povo Guajajara do tronco tupi Guarani Kwaytikindo do povo Puri do tronco macro jê Letra Não foi só a bala que matou meu povo não Tanta epidemia amontoou mais de uma nação Um rio de sangue na água cristalina Até o contato com suas roupas me assassina Andando na minha miseria Na mente lapsos de uma velha floresta To tipo uma onça rugindo da cela Indígena gritando na favela Vendo culturas inteiras sumindo A epidemia vem matando O maior grupo de risco há mais de 500 anos Eu tentei, me isolei E sempre ficam nessa de querer fazer contato Nume'e kwaw hehe, a'e rupi nuexak kwaw ima'eahy haw (Ele não viu ele, por isso não viu sua doença) Nuvem de doença que contagia Causando falência múltipla de órgãos Eu tava na mata vem e me mata numa Falência múltipla de povos Vi um parente indo se lavar Num grande rio de lama tóxica Prevenir ou se contaminar Isso é uma guerra biológica E tu que nunca foi de banho Tá aprendendo a lavar a mão Vai, compra tudo de alcool em gel Olha pra tua poluição Ah ando ure day gran txori ï pa omi xute txahe Kapuna prika ï ambo nam ah ando heta kran Ah ando hon upolatxa-ma tigagika tangweta Ah ando hon upolatxa-ma ï ne pa kwandom-na (eu corri nessa mata para ter um bem viver tiros para morrer. eu escapei. eu estive escondido igual sombra. eu estive escondido para não ter doença) Não foi só a bala que matou meu povo não Tanta epidemia amontoou mais de uma nação um rio de sangue na água cristalina Até o contato com suas roupas me assassina Como a varíola Como a gripe Tantas que o tamui suportou Ninguem solta a mao de ninguem Ainda bem que ninguem segurou Amo teko uzeeng ihewe hekepe (Alguém está falando comigo no sonho) Akizezo mae wi nehe (Não tenha medo das coisas) Epita me neràpuz pupe (Fica em casa) Ah ando hon upolatxa-ma tigagika tangweta Ah ando hon upolatxa-ma ï ne pa kwandom-na Letra: Kandu Puri e Kaê Guajajara Vozes: Kandu Puri e Kaê Guajajara

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