Ruy Braga esteve em Portugal para apresentar o ciclo de conferências "Cidades rebeldes: as manifestações de junho no Brasil e o espectro do precariado". Ao longo de fevereiro, o sociólogo passou por Abrantes, Lisboa e Coimbra, lançando seus livros "A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista" e "Cidades Rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil" "A política do precariado" (bit.ly/1dfIg89) "Cidades rebeldes" (bit.ly/1mcUczG) * As chamadas "Jornadas de Junho" que aconteceram no Brasil em 2013 modificaram profundamente a conjuntura política do país. De um aparente estado de desmobilização dos movimentos sociais e de satisfação popular com os diferentes governos, passamos subitamente à maior mobilização popular da história brasileira: segundo os institutos de pesquisa de opinião pública, aproximadamente 7 milhões de pessoas saíram às ruas durante os meses de junho e de julho a fim de exigir mais e melhores serviços públicos de educação e saúde, além de investimentos em mobilidade urbana. As várias interpretações surgidas no debate acadêmico tenderam, até o momento, a subestimar a relação conflituosa entre o atual regime de acumulação financeirizado e o modo de regulação dos conflitos sociais criado pelos sucessivos governos do PT, concentrando-se em analisar a revolta contra a corrupção ou enfocar as demandas por mais democracia. Em nossa apresentação, argumentaremos que as Jornadas de Junho alimentaram-se das contradições criadas e ampliadas pelo atual modelo de desenvolvimento pós-fordista e semiperiférico, assim como da desaceleração econômica experimentada pelo país após 2010.