Em "A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano" (bit.ly/1riP3qI), Michael Löwy analisa as sínteses possíveis entre a teoria conservadora de Max Weber e a do revolucionário Karl Marx, na construção de uma crítica radical e urgente do progresso hoje Neste depoimento, colhido na Boitempo, o sociólogo franco-brasileiro explica a origem e o significado da alegoria da "jaula de aço" empregada por Max Weber, e que dá título ao livro. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Jamais como em nossa época as regras de aço da civilização capitalista industrial moderna exerceram tamanha coerção sobre as populações. Estamos condenados à servidão dos tempos futuros? Trata-se de uma fatalidade inelutável, à qual não podemos escapar por nenhum meio? Seguramente, essa não era a convicção de Karl Marx nem dos marxista weberianos, apesar do pessimismo radical de Theodor Adorno e Max Horkheimer. Podemos nos perguntar se essa era, efetivamente, a convicção de Max Weber. Algumas passagens de sua obra parecem confirmá-la, pois encontramos nelas o espírito da "resignação heroica" nietzschiana; mas outras, em especial os últimos parágrafos de "A ética protestante", parecem deixar uma janela aberta para a utopia, para o que Ernst Bloch chamava de "Wunsch landtschaften", as "paisagens do desejo". É a associação indispensável entre o pessimismo da razão e o otimismo da vontade, da qual falava o filósofo italiano Antonio Gramsci, que constitui a trama deste livro.