A falta de políticas públicas habitacionais na opinião do professor do Departamento de Geografia da PUC-RJ e da UERJ Álvaro Ferreira (Jornal Futura - 11/08/2014) De acordo com Álvaro, nunca houve uma proposta séria de planejamento habitacional no Brasil. O que se teve foi um grande crescimento descontrolado por volta da década de 70, e isso se fez desassociado de uma politica habitacional. A ditadura fez com que as pessoas pudessem discutir menos isso. Uma lógica em que 25 por cento da população vive em favelas numa cidade como Rio de Janeiro ou Belo Horizonte é inaceitável. Além de estarem em situação de periferia física, essas pessoas se encontram em situação de periferia social. Os empregos estão longe, as escolas, os hospitais, o acesso a serviços é limitado. Na década de 70, havia dois objetivos: investimento grande no crescimento das empresas, o que de fato aconteceu, e atender à demanda habitacional da população de baixa renda. O boom aconteceu, as empresas vieram, a população cresceu, mas não foi plenamente atendida. Para completar, junto à formação de novas favelas, havia programas de remoções de outras. Foi um período comprometedor para a política de habitação brasileira, que até hoje não conseguiu modificar essa problemática. A população cresceu para onde podia, encostas, loteamentos ilegais. Se existe um déficit atualmente, isso se deve a um processo histórico de descaso e falta de planejamento. Uma intenção de crescimento sem compreensão de suas consequências. Não houve política urbana séria. É preciso transformar por meio de medidas eficazes de planejamentos.

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