O Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o papel da logística reversa na opinião do Coordenador do laboratório de Drenagem e Saneamento Ambiental da Escola de Engenharia da UFF Dario de Andrade Prata Filho (Jornal Futura - 14/08/2014) De acordo com Dario, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos é um conjunto de normas que visa mostrar à sociedade brasileira um caminho de como lidar com os resíduos sólidos no território nacional. Era uma questão necessária para o Brasil, na medida que vínhamos com uma gestão precária nos últimos anos. O primeiro instrumento que a lei coloca é que há alguns princípios, diretrizes, metas e ações que precisam ser analisadas localmente. É preciso haver um conjunto de planos estaduais, municipais e de gerenciamento dentro de unidades, tanto públicas quanto privadas. Alguns dos instrumentos importantes são os planos diretores, que dão margem para recebimento de recursos do governo federal. O outro é o da responsabilidade compartilhada pelo ciclo dos produtos, a logística reversa. É uma ação obrigatória para todos os fabricantes, produtores e distribuidores de produtos. São obrigados a instituir uma logística que preveja o caminho do produto, e, nesse ciclo, empresas, poder público e sociedade precisam estar engajadas. As empresas vão dar destino a esse material na forma da lei: reutilizam, reciclam ou descartam de forma ambientalmente adequada. A sociedade tem o papel de devolver o material, e o poder público tem o papel de fiscalizar as empresas e promover educação ambiental. Isso é uma inovação para a sociedade. Antes, a responsabilidade das empresas não era previamente calculada. Uma Coleta Diferenciada, que é diferente da coleta seletiva comum – à qual as pessoas não se adaptam facilmente, e tem um custo elevado – acontece quando os resíduos orgânicos são separados dos inorgânicos, e associações de catadores realizam um trabalho de separação maior. É um processo interessante em dois sentidos: geração de empregos para catadores e possibilidade de investimento pelo poder público nessas associações, que passam a fazer parte da logística reversa. Enquanto há um vácuo na atuação das empresas, e os municípios estão em processo de adaptação (mesmo que o prazo da adequação à política seja 2014), os catadores fazem um papel intermediário de dar destino aos resíduos. Para ele, a lógica das empresas ainda é centrada no consumo, o que se vê com a obsolescência programada - você programa o produto para ter uma vida útil menor e o consumidor comprar outro. É preciso mudar padrões de consumo. As grandes corporações não estão preocupadas com o meio ambiente, por isso a importância de leis que as obriguem a estar. Quem está acima de tudo quando se trata de sustentabilidade é o meio ambiente, depois a sociedade, por último a economia. A economia depende do meio ambiente, e também da sociedade, mas seus padrões são colocados em primeiro plano na atualidade. É preciso reeducar a sociedade nesse sentido.