Pinceladas de Arte - El Bosco - O Jardim Das Delícias

submitted by TV HUMANA on 07/30/14 1

O Jardim das Delícias Terrenas é um tríptico de Hieronymus Bosch, que descreve a história do Mundo a partir da criação, apresentando o paraíso terrestre e o Inferno nas asas laterais. Ao centro aparece um Bosch que celebra os prazeres da carne, com participantes desinibidos, sem sentimento de culpa. A obra expõe ainda símbolos e atividades sexuais com vividez. Especula-se sobre seus financiadores, que poderiam ser adeptos do amor livre, já que parece improvável que alguma igreja tradicional a tenha encomendado. Ligada à "utopia" por um lado, mas representando o lugar da vida humana por outro, Bosch revela uma actualidade do seu tempo, dado que essa vida está entre o paraíso e o inferno como se conta no Génesis. O tríptico, quando fechado, tem uma citação transcrita desse livro "Ele mesmo ordenou e tudo foi criado". Entre o bem e o mal está o pecado, preposição cristã. No jardim, painel central, representações da luxúria, mensagem de fragilidade nas envolvências do vidro e das flores, reflectem um carácter efémero da vida, passagem etérea do gozo, do prazer. Enquanto "utopia", porque transcreve de modo imaginário na imagem um "real", que mais se aproxima do surreal, e representa, mesmo que toda a sociedade e a cultura Ocidental esteja marcada por essa estrutura, uma história "utópica" do seu tempo. Entre um "bem" e um "mal" está a vida e o pecado, de certo foi aplicado, mas no início seria apenas uma projecção. Ao abrir-se, o trítico apresenta, no painel esquerdo, uma imagem do paraíso onde se representa o último dia da criação, com Eva e Adão, e no painel central representa a loucura solta: a luxúria. Nesta tábua central aparece o ato sexual e é onde se descobrem todos os prazeres carnais, que são a prova de que o homem perdera a graça. Por último temos a tábua da direita onde se representa a condena no inferno; nela o pintor amostra um palco apoteótico e cruel, no qual o ser humano é condenado pelo seu pecado. A estrutura da obra, em si, também conta com um enquadre simbólico: ao abrir-se, realmente fecha-se simbolicamente, porque no seu conteúdo está o princípio e o fim humano. O princípio na primeira tábua, que representa o Gênesis e o Paraíso, e o fim na terceira, que representa o Inferno.

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